quarta-feira, 18 de julho de 2007

Mito da Caverna


Adriana Donato

Em relação às sombras - Os puxadores de carrinhos, os moradores de rua, as prostitutas etc. Remetem-nos o mito da caverna de Platão, como se eles fossem prisioneiros de uma outra realidade, muito diferente da nossa, onde nós conseguimos chegar até eles, porém muito mais difícil eles chegarem a nós.
Platão em sua narrativa diz: Se alguém resolvesse libertar um daqueles pobres e o levasse ainda que arrastado para longe daquela caverna, o que poderia então suceder-lhe? Chegando do lado de fora, ele nada enxergaria ainda ofuscado pela extrema luminosidade do Sol. E depois, Livre, ele iria desvendando aos poucos, como se fosse alguém que lentamente recuperasse a visão. Assim, ainda estupefato, ele se depararia com a existência de um outro mundo, totalmente oposto ao do subterrâneo em que fora criado. Para o filósofo, todos nós estamos condenados a ver sombras a nossa frente e tomá-las como verdadeiras.
Platão viu a maioria da humanidade condenada a uma infeliz condição. Imaginou (no Livro VII de A República, um diálogo escrito entre 380-370 a.C.) todos presos desde a infância no fundo de uma caverna, imobilizados, obrigados pelas correntes que os atavam a olharem sempre a parede em frente. Por detrás do muro onde os demais estavam encadeados, havendo ainda uma escassa iluminação vindo do fundo do subterrâneo, disse que os habitantes daquele triste lugar só poderiam enxergar o bruxuleio das sombras daqueles objetos, surgindo e se desfazendo diante deles. Era assim que viviam os homens, concluiu ele. Acreditavam que as imagens fantasmagóricas que apareciam aos seus olhos (que Platão chama de ídolos) eram verdadeiras, tomando o espectro pela realidade. A sua existência era, pois inteiramente dominada pela ignorância. (A Caverna, José Saramago).


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